terça-feira, 7 de abril de 2009

O nosso mundo verde




“Tudo começou há exatamente trinta e nove semanas atrás...
Eu conversei com Deus e pedi que me fizesse nascer, pois a minha mãe logo precisaria da minha companhia. E então Ele atendeu o meu pedido...
Quatro semanas depois a mamãe descobriu que eu estava lá, dentro dela, me preparando para estrear neste mundo e fazer da sua vida um acontecimento muito mais gostoso. Ela tomou um susto! Eu bem me lembro que, ao ver o resultado do teste de gravidez, ela se jogou na cama de costas e ficou petrificada por alguns bons minutos. O coração parou instantaneamente e, de repente, tudo voltou a funcionar no mais perfeito estado, muito melhor do que antes. A vida se renovou dentro dela.
Eu já não era mais uma surpresa. Por um mês a confusão estava formada e, um dia antes do seu aniversário, ela resolveu voltar para o Brasil e me proporcionar a melhor gestação possível. Sem dores e nem mal-estar, sem limitações desnecessárias. Muitas conversas, choros, pedidos e promessas. Eu só ouvia, quieto, o amor na sua voz, o compasso do seu coração junto ao o meu e o medo nos seus pensamentos. Os sete meses seguintes foram bem aproveitados para a reconstrução de um mundo apenas nosso, meu e dela. O nosso mundo verde.
E então era chegada a hora do nosso mais que maravilhoso encontro. Vinte e sete de março de dois mil e nove, quatro e vinte da manhã. A mamãe, vovó e vovô acordaram e quarenta minutos depois já tinham partido para o meu resgate. Às seis da manhã chegamos ao Hospital Santo Amaro e então duas horas e meia depois concluíram que ali não seria o local do meu nascimento. Muitas grávidas precisavam com urgência da vaga e eu ainda estava muito quietinho na barriga da mamãe. Ela era a gestante mais sorridente que se encontrava lá...
Seguimos para o Hospital Aliança e prontamente recebemos um quarto. O parto estava marcado para uma da tarde, mas somente às duas e meia entramos na sala de cirurgia. Exatamente às três e dezoito eu dei o meu primeiro choro e vi o rosto da minha mais amada mãe, misturando as contidas lágrimas dela com as minhas. A emoção era grande, a mais impressionante. A mamãe, em choque, disse que eu era “uma coisa pequena” e eu chorei novamente, mas pude sentir naquele toque de rostos, no cruzamento das respirações e no cheiro materno inconfundível que eu sou a razão da vida dela. A titia Cacá fotografou tudinho e o tio Ró filmou o meu primeiro banho no berçário. Ah! A chegada no berçário... Eu era a criança mais esperada no hospital, naquele dia. Tanta gente! Vovó e vovô eram as pessoas mais bobas, felizes e emocionadas. Eu nasci pequenino, mas já grandioso em expectativas. Tantas visitas! Antes mesmo do meio-dia já tinha gente no quarto, muitas ligações e mensagens de celular com votos de felicidade, vindas de todos os cantos. Movimentamos o mundo!
Amigos antigos e de muitas histórias, outros amigos que a mamãe já não via há tempos; novos amigos; irmãos, cunhadas e mães de amigas; amigos de internet jamais vistos antes; conhecidos de infância que a mamãe encontrou por acaso no hospital e a família. Pessoas que fizeram a minha história mais linda nos dois dias que repousei no Aliança, até estar apto para enfrentar o mundo aqui de fora. Mais ligações e mensagens, muitos presentes! Muito choro e emoção... Finalmente eu nasci! Eu pude enxergar felicidade e paz infinitas nos olhos da mamãe, assim que abri os meus. Ela estava lá, abraçada comigo, somente esperando o momento de ver a minha alma, de encontrar mais sentido para tudo que existe dentro do novo universo na cor indefinida da minha íris. Naquele momento selamos o nosso pacto, um laço de amor eterno e incondicional. Sem dúvida, o maior do mundo! E a vovó... Essa ainda tem amor em dobro por mim, assim como o vovô. Eu me sinto muito seguro nos braços deles. E as suas vozes, nossa! Sinto tanto conforto! A vovó não saiu do meu lado no hospital, não dormiu nem por um segundo, zelando o meu sono e garantindo a minha seguranca. Já o vovô foi todos os dias me ver e preparou tudo em casa para me receber.
Vinte e nove de março, dez horas da manhã, eu tive o meu primeiro encontro com o Sol. O dia estava lindo e o clima quente, a natureza construiu um belo cenário para a minha estréia. Eu, vovó, mamãe e tio Ró fomos para casa juntos. Um longo caminho ate Jauá e então o encontro com o paraíso que a mamãe me prometeu por todos esses meses. O paraíso que vivi enquanto feto, o mundo verde que a mamãe disse que era nosso. E como é lindo! Sinto tanta paz aqui...
A nossa primeira semana de convivência foi cansativa, pois a mamãe ainda estava muito debilitada e não conseguia dormir. Ainda não consegue... Eu preciso mamar de três em três horas e, além disso, ser assistido todo o tempo enquanto durmo. Ainda estou em fase de adaptação e todo cuidado é pouco! Vovô adora me ninar, conversa muito comigo enquanto estou em seu colo e passa madrugadas ao meu lado, quando eu estou irritado. A vovó me dá banho, me põe na cama ao seu lado para eu sentir-me mais protegido e me abraça forte toda vez que eu choro. Foi ela quem aliviou a minha dor e medo quando tive que tomar as primeiras vacinas, ir ao pediatra e fazer o teste do pezinho. Pôs-me no seu colo e disse que tudo ficaria bem logo. A mamãe canta para mim e me chama de pequeno e “filhoto” o tempo todo.
A minha primeira semana... Sinto-me tão confortável aqui! É tão bom sentir o quanto sou amado e querido! A mamãe não pára de fotografar, tudo que acontece ela registra na maior felicidade. E não importa a hora! Até na madrugada os flashes disparam! Ela adora nos clicar na nossa intimidade, quando estou mamando ou quando estou descansando no ombro dela.
A Gigi, minha priminha, é uma graça! Sempre que me vê, quer me beijar e pede à mamãe que me ponha no chão para brincar com ela. Pena que ainda não posso... Já Lana, a cachorrinha mais linda, não se aproxima muito, mas sempre quer me proteger quando alguém estranho entra em casa. Ela senta ao lado da mamãe e rosna até a pessoa ir embora. E sempre que eu choro, ela vem timidamente ver o que está acontecendo. Sei que ela me ama, à distância...
Estou muito realizado e sei que a promessa da mamãe será cumprida, como de costume. Sei que posso confiar nela... Ela sempre susurra no meu ouvido que eu serei a criança mais feliz desse mundo e que fará de tudo para que o nosso mundo verde nunca acabe. Quero agradecer a todos que torceram, àqueles que canalizaram votos de felicidade e paz para nós dois. Também às pessoas que não puderam estar presente, mas que estavam conosco em pensamento.
Eu estava certo! A mamãe estava mesmo precisando muito de mim. Posso ver que a sua luz está muito mais forte e brilhante, que ela encontrou em mim a felicidade que estava realmente faltando. E eu precisava muito dela! Agora estamos juntos, para sempre, no nosso mundo verde.”

Anachin

4 comentários:

  1. Anachin,
    Es como o sol para a terra... Iluminas a vida de todos nos!
    Ler sobre a tua primeira semana me enche de felicidade. Fico, tambem, bastante satisfeita em saber que a tua mae, minha querida amiga, esta bem.
    Nao tenhas duvida de que seras sim a crianca mais feliz do mudo... e eu nao tenho duvida de que a tua mae sera (se ja nao eh) a melhor mae do mundo...
    Estou longe e morrendo de vontade de te conhecer... mandando, porem e sempre, pensamentos positivos e desejos de felicidade, saude e amor!
    Seja bem vindo a deliciosa aventura de viver!
    Beijos!

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  2. Lu, uma cancao de ninar pro Anachin....

    "Entre as coisas mais lindas que eu conheci
    Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
    Entre as coisas bem-vindas que já recebi
    Eu reconheci minhas cores nele e então eu me vi

    Está em cima com o céu e o luar
    Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
    E séculos, milênios que vão passar
    Água-marinha põe estrelas no mar
    Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
    E penínsulas e oceanos que não vão secar

    E as coisas lindas são mais lindas
    Quando você está
    Onde você está
    Hoje você está
    Nas coisas tão mais lindas
    Porque você está
    Onde você está
    Hoje você está
    Nas coisas tão mais lindas"

    Saudades.

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  3. lindo diário, que bom você recebeu esse dom junto com Anachin, sortudo Anachin, por ter uma mãe de verdade ao seu lado.

    abs,
    Helinho

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  4. Não tem, não existe, momento mais maravilhoso, feliz, de paz, olhamos tudo atentamente com calma depois, as uinhas, os dedinhos pestanas mais do que cilios e as mãoszinhos, o olhinho meio não sabe onde fixar, mas sente nosso colo, amor e carinho......é o momento mais importante da vida da gente....parabéns.....texto lindo....bjks....bom final de semana....Gil

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