sábado, 21 de março de 2009

Os surrealistas

Estava navegando pelo blog de uma amiga e vi a seguinte frase:
“O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.”
E um seguidor do blog respondeu:
“Fiquemos com os surrealistas: queiramos o impossível!”
Surrealismo... Uma idéia gorda e cheia de vácuos. As novelas, os filmes, o teatro, os livros, todos eles nos inspiram surrealismo e assim sofremos com o desejo de algo realmente impossível. O desejo pelo todo, a busca sedenta para ocupar o nada. O homem queixa-se do vento, espera que ele mude e também ajusta as velas. Não posso crer que exista um único ser humano no planeta que possua apenas uma dessas características. Somos o surreal, realizamos de tudo para conquistarmos o que queremos. E acontece também de nos anularmos, à espera de um milagre. O surreal tornou-se o impossível desde o dia que decidimos esquecer a fé. Concretizou-se no possível no momento que ousamos e quebramos limites antes considerados divinos. Uma gangorra, um pêndulo extremamente acelerado, nem podemos mais medir a velocidade da crença de poucos e desilusão de muitos. Ou seria o contrário? Ou, até numa teoria ainda mais polêmica, nos tornamos o crente e o descrente a depender da situação. Não há fidelidade e nem linha de raciocínio que dure mais do que um estado de espírito. As pessoas parecem procurar apenas aquilo que as tornam mais felizes.
Você já foi algo surreal, filho. Porque já alcancei o ceticismo por um longo período. Mesmo vivendo, respirando e sorrindo, tinha a certeza de que tudo que sempre desejei seria impossível de alcançar. E de repente a vida invadiu o meu útero e fez de lá o início de um novo universo. A renovação do meu cansado ser, em proporções ainda muito maiores! Um buraco negro impiedoso se abriu sob os meus pés e engoliu, em questão de segundos, tudo que existia à minha volta. E sua estrela, muito maior do que o nosso lindo Sol, explodiu com toda a força e recriou a vida mais verde do que antes.
Você é poderoso, Anachin! Sua aura cega os cruéis, covardes e egoístas. Você transformou em pó pensamentos negativos que ainda existiam dentro de mim. E hoje me sinto tão mais leve e tranquila, mesmo depois de ter sido surpreendida pelo destino novamente. Mesmo depois de ter me queixado da direção do vento...
Eu nasci surrealista e tornei-me otimista ainda adolescente. Depois optei por ser realista e por fim caí na desgraça pessimista. E todo o ciclo está se repetindo, pois me sinto renovada, renascida, surrealista. E tenho a certeza de que esse circuito nunca pára. Só precisamos adquirir a virtude da paciência para esperar que as fases se concluam. Você, filho, ainda é o surreal brotando dentro de mim e em alguns dias será o realismo florescido. O vento sempre caminhando na perfeita direção.
E confesso que concordo com seu amigo, minha querida amiga Evelyn! Fiquemos com os surrealistas...

Um comentário:

  1. Minha amiga querida,
    Tenho certeza que um dia deixarei a imaginação se manifestar livremente, sem o freio do espírito crítico... para que a emoção mais profunda do meu ser tenha todas as possibilidades de se expressar. Porem, escolho, por enquanto, viver ajustando as velas da vida solitaria e ambiciosa que levo.
    Fica bem.
    Saudades imensas.

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