domingo, 4 de janeiro de 2009

A exóterica

Uma vez, acredito que eu tinha 16 ou 17 anos, minha madrinha me levou a uma exotérica. Eu não tinha nada específico para perguntar, mas mesmo assim fui pela farra. Ela trabalhava no próprio apartamento, numa sala totalmente preparada para receber os seus clientes. Lembro-me bem de uma mesa redonda, pequena, apenas para duas pessoas. Pedras coloridas e variadas abaixo da mesa, para que eu pusesse os meus pés, descalça. Uma toalha trabalhada sobre a mesa, onde ela jogava outras pedras.
Eu sentei muda, esperando todo o ritual começar. Ela era jovem, confesso que não aparentava uma mulher vidente, dotada de poderes paranormais ou algo parecido. Mas para mim foi como um oráculo…
Ela disse muitas coisas sobre a minha vida, passada e futura, mas algumas delas foram tão impressionantes que decidi escrever sobre isso aqui, hoje. Após examinar a linha da vida na minha mão direita, a exotérica me disse que eu tinha a linha profissional muito bem definida, ou seja, que eu procuro sempre o perfeccionismo em tudo que faço, não apenas profissionalmente mas na vida pessoal também. Na maioria das minhas encarnações (essa para quem acredita em espiritismo e vidas passadas), eu vim como homem e fui o maior cafajeste que uma mulher poderia conhecer. Machuquei, enganei, traí, e hoje muitos dos homens que passam por essa minha vida feminina foram algumas das moças iludidas por mim naquele tempo, como uma espécie de carma. Além disso, por eu ter sido muitos homens, perdi a minha sensibilidade e me comprometi a resgatá-la dessa vez. Para isso, seria fiel ao homem que estivesse ao meu lado e criaria duas crianças, mesmo que essas não fossem filhos legítimos meus. Eu ainda iria sair do país, morar fora por um tempo e conhecer uma pessoa especial. Essa pessoa seria “o homem da minha vida”, provavelmente o pai dos meus filhos, e eu jamais o abandonaria. Se algo não desse certo, seria por decisão dele, não minha.
De fato não sou a mulher mais feminina que conheço, pelo contrário. Estou mesmo bem longe disso… E confesso que, quando criança, era muito pior! Hoje, aos 27 anos, estou evoluindo a cada dia mais, me sentindo mais, com uma sensibilidade mais aguçada para a vida, para os sentimentos e até para a razão. Eu sai do país, morei em Londres por quase dois anos e conheci realmente uma pessoa especial, que eu amo demais, o pai do Anachin, desse filho que estou esperando. E se hoje não estamos juntos é por decisão dele…
O mais engraçado de tudo é que, antes mesmo de ouvir as premonições dessa exotérica, eu já imaginava tudo isso. Eu sempre quis morar fora, sempre quis conhecer uma pessoa que não pertencesse ao mesmo mundo que eu e que ele fosse O CARA. Sempre quis ter dois filhos, um casal. Sempre quis curtir uma vida inteira de farras e paqueras para que, um dia, fosse extremamente fiel a esse homem especial.
Ela ainda me disse muitas coisas que prefiro não comentar aqui, mas asseguro que todas as profecias se realizaram. O meu interesse por exoterismo surgiu da alma, desde que nasci, mas confesso que a partir do momento que a conheci a curiosidade se tornou uma religião. Hoje o meu filho, naquela época ainda uma possibilidade, está se tornando realidade a cada dia mais. A barriga está crescendo e ele se mexendo, sentindo o meu corpo e eu o dele. Uma conexão incrível que ultrapassa as barreiras do entendimento e filosofia. Ser mãe, querido, ser sua mãe, é a coisa mais surpreendente que poderia acontecer na minha vida!
Gostaria de reencontrar essa mulher, para sentar-me novamente à sua mesa e ouvir idéias sobre o seu futuro, Anachin. Para escutar que tudo dará certo, de que seremos muito felizes e unidos. Eu e você, você e eu e nós dois… Embora eu saiba, desde o momento que tive conhecimento da gravidez, de que isso está além de premonições. É um fato!
Será sempre muito bom, seria melhor ainda se fôssemos “os três”, e após algum tempo “os quatro”…

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