quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A sagrada colina


Uma Igreja até pequena, mas de uma grandiosidade indescritível, do alto de uma colina sagrada, com a vista para a Bahia de Todos os Santos, completamente iluminada...
Uma escadaria, uma enorme porta que dá acesso à maior demonstração de fé presenciada por qualquer indivíduo...
Objetos e imagens que justificam as sensações de paz e misericórdia...
O choro contido ao ajoelhar-se. O choro não contido ao ler os milhares de agradecimentos presos na parede, as inúmeras curas, milagres e revelações divinas...
A Igreja do Senhor do Bonfim.
Estamos agora na tranquilidade em Jauá, filho. Mas neste exato momento vejo na televisão os baianos comemorando o dia desse Santo, numa celebração rica em crenças populares, folclores e religiosidade, cantando o hino mais emocionante que já ouvi. Tudo se mistura nas escadarias e fica difícil identificar a pessoa mais envolvida. O padre, da sacada, expõe a linda imagem de Cristo crucificado, enquanto os Filhos de Gandhy tocam instrumentos de sopro. Todos os fiéis vestidos de branco, um lindo tapete branco na escadaria. É realmente lindo de se ver!
A lavagem do Bonfim...
Um banho de fé, uma preparação para todo o ano que vai seguir.
A igreja é um dos cartões postais mais importantes da Bahia, conhecida mundialmente. Qualquer turista que chega à cidade de Salvador precisa conhecer essa maravilha e prender uma fitinha benzida no braço, de preferência posta por uma baiana a caráter, e fazendo os três pedidos juntamente com os nós. E não foi diferente com Tammy...
Eu senti a sua emoção desde o momento que paramos o carro. E observá-la orando ajoelhada foi incrível! Não me contive e tirei muitas fotos, inclusive no momento que ela acendeu velas e fez os pedidos. Ela não me contou, mas eu tenho a certeza de que pediu por nós e pela recuperação total do pai. Eu pude sentir a vibração, inexplicável!
Nossa relação estava estremecida por causa de alguns acontecimentos em Londres, mas essa história fica para outro dia...
Vir a Salvador para me visitar e, principalmente, conhecer a ti através de uma ultra, foi uma atitude mais do que merecedora para hoje ser considerada uma grande amiga da mamãe. Nos reaproximamos e nos tornamos confidentes novamente. Confesso que estou muito feliz por isso!
Para selar a amizade, Tammy teve a idéia de prendermos uma fitinha branca na noite de Reveillon, ao mesmo tempo. Então eu sugeri que a usássemos no pé direito, como um símbolo de nova caminhada, de nova vida, uma nova chance. No momento da virada, com os fogos estourando e todos desejando o melhor ao próximo, sentei-me e prendi a fitinha no local combinado. Os desejos? Sim... Secretos! Mas tenha a certeza de que foram todos em sua intenção, filho!
Aqui em casa temos uma tradição para a virada de todos os anos. Sempre somos as mesmas e poucas pessoas, fazemos uma roda de oração, seu avô faz um belo discurso, os outros complementam e todos pedimos, em silêncio, por um mundo melhor. Após isso, no momento da grande comemoração e com o estouro do champanhe, toca-se o hino de Senhor do Bonfim. E todos se abraçam! Foi nesse momento que amarrei a fitinha, sozinha, sentada num canto escondido, e supliquei por maravilhas na sua vida. Sorte na sua longa caminhada. Amor, saúde, paz...
Os desejos? Esses serão eternamente secretos! Confie em mim, são anseios tão grandiosos quanto...
A fitinha que eu prendi no meu pé direito não foi para mim. É para você! Estará ainda aqui quando você nascer... Ela é branca, e como todas possui a frase “Fita do Senhor do Bonfim da Bahia” escrita nela. É benta. É da Bahia!
Sua vida já é cheia de bênçãos, Anachin!
É uma criança protegida e vigiada por todas as divindades, pela natureza, pelas pessoas próximas a mim, até mesmo por aquelas que estão distantes, mas me amam e se preocupam comigo.
A lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, hoje, celebra milhares de milagres.
Eu, aqui em Jauá, comemoro a sua chegada...

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