sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Who wants to live forever?


Ah, filho! Sabe quando, às vezes, nos sentimos vazios? Foi exatamente assim que me senti ontem, tanto que nem consegui escrever aqui para você. Eu estava assistindo a um filme com o seu avô e de repente me percebi assim, vazia. Highlander, A Origem. O último de Duncan Mcleod, adoro! Parece uma história boba até, mas me delicio tanto com a idéia da imortalidade que me interessei por essa personagem desde a primeira vez que a vi, quando criança. Lembro-me bem de quando, ainda com menos de 1,5 metro de altura, chorava às noites na minha cama, em silêncio, olhando para uma moldura com a foto do meu pai que ficava presa na parede do meu quarto. Eu temia demais a morte dele, pedia todos os dias a Papai do Céu para nunca matar o meu pai, para mantê-lo vivo para sempre. Na verdade eu orava olhando para a foto dele, mas suplicava também por minha mãe e minha cachorrinha poodle da época. E por mim, claro! Mas a Binnie morreu…
Depois cresci, já estava com 19 anos e chorava às noites por temer a morte do primeiro homem da minha vida, um grande e verdadeiro amor. Ele tinha 11 anos a mais e eu já pensava na nossa velhice juntinhos, mas lembrava muito bem da diferença de idade. Sofria a sua morte antes da minha por antecipação. O que eu faria pelo resto da minha avançada vida sem ele por perto? Nossa, como sofri! Terminamos o namoro não por falta de amor, mas por discordâncias, por seguirmos rumos completamente opostos, por possuirmos idéias totalmente divergentes. Às vezes o amor não é suficiente, Anachin… No nosso caso, por exemplo, não foi. Ele morreu menos de dois anos depois do rompimento e então vi que eu não estava sofrendo por tanta antecipação assim. Tive que aprender a conviver com a dor de não tê-lo mais por perto desde a minha juventude. Nessa época eu ainda temia por meus pais, por meu cachorro Mix (meu maior companheiro) e por ele. A vida levou o meu amor e o meu melhor amigo…
Seria maravilhoso se fôssemos todos imortais! Ontem, após assistir ao filme, me senti tão vazia! Precisei deitar, e pensar… Pensar! A imortalidade, tudo que eu sempre desejei antes de ter mesmo a noção de que era um sonho impossível. Se isso fosse alcançável eu poderia viver muitas vidas, poderia ser muitas pessoas e ter muitas idéias diferentes. Seriam experiências inacreditáveis! Tenho certeza de que a maioria das pessoas já pensou sobre esse assunto...
Eu poderia me arriscar com toda a imprudência, não teria medo de experimentar todas as drogas e curtir as maravilhosas sensações descritas por usuários, maravilhosas mas bem menos virtuosas do que a nossa simples vida de mortal. Seria grandioso poder ter muitas profissões, viajar todo o mundo, teria tempo suficiente para trocar de filosofia de vida! De tempos em tempos eu seria uma personagem diferente, com visual modificado e ar inusitado. Nossa, filho! Volto a ser a criança sonhadora de antes sempre que penso nisso!
Se fôssemos imortais não haveria a sensação de que “aquilo que deveria ter sido, não foi. E o que pode ser, nao será”. Não sofreríamos por algo irremediável, seria possível corrigir qualquer erro cometido. Cada dor que te fosse causada, seria fácil curar. Bastaria morrer e renascer para uma nova vida, para um começo. Começo, não seria recomeço, sempre tudo novo! O velho que sempre seria novo…
Um dia, há alguns anos, me veio uma frase tipo filosófica em mente e isso passou a fazer algum sentido. Talvez tenha sido um presente divino depois de tantas súplicas por um caminho para o “FELIZES PARA SEMPRE” dos filmes da Disney. O pensamento estava certo e só agora eu entendi como atingí-lo.
“A imortalidade só é alcançada por aqueles que são capazes de escrever a sua própria história”.
Hoje, além de temer por meus pais, receio por você, querido. Preciso mais do que nunca ser imortal. Não para mim, mas para você! Para seus filhos e seus netos... Quando digo que este blog é o melhor presente que eu poderia te dar é exatamente neste sentido. A eternidade. Não apenas a minha, mas a sua e a de seu pai. A de seus avós, dos amigos de sua mãe, da sua família.
Ah! Uma coisa mais que não mencionei. No filme, os incansáveis guerreiros procuram a fonte da vida e o segredo da imortalidade. Depois de lutas seculares e massacrantes, Duncan Mcleod, por mérito, foi o escolhido para conhecer a verdade. Sabe qual foi a revelação inesperada? Um filho…

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